A greve dos servidores municipais, deflagrada na última segunda-feira, coloca em xeque a capacidade do prefeito Lucas Sanches diante de adversidades que nunca deve ter enfrentado em sua vida. Impossível acreditar que, ao propor apenas 2% de reajuste, ele aria ileso frente aos trabalhadores da istração municipal. Se pensou assim, errou feio. Se achou que iria tirar de letra a situação, após garantir durante a campanha eleitoral que valorizaria os servidores, demonstra que não sabe como as coisas funcionam. 64v6f
No colo 3b495m
Também não adianta querer jogar para a torcida depois que a greve tomou algum corpo, mesmo dentro das limitações que esse tipo de movimento tem hoje em dia. Lucas Sanches poderá pagar caro por calcular mal o movimento grevista ou ter confiado em avaliações erradas de seu time. O ônus, seja ele qual for, recairá no colo do prefeito.
Queimando vereadores 5d3y5v
Também recairá no colo do prefeito a insatisfação contra os 23 vereadores que se viram obrigados a votar a favor do reajuste de apenas 2% para os servidores. Tirando uma meia dúzia que se tornou Lucas até debaixo d´água (e corre o risco de morrerem afogados por causa disso), ficou evidente o constrangimento de boa parte deles em ter que aprovar algo que pegou muito mal junto a suas bases. Cartazes com a fotos de todos os 23 circularam nas mãos dos grevistas nas grandes manifestações realizadas nos últimos dois dias.
Ressuscitando o morto 1y1772
Se houver algum entendimento daqui para frente e o reajuste for superior aos 2%, Lucas não poderá comemorar como conquista sua. Não poderá falar que dialogou, que soube entender os problemas da categoria ou algo parecido. Qualquer percentual a mais, seja ele qual for, será creditado à força do movimento grevista e até aos sindicalistas, que estavam completamente sem crédito até o início deste ano.
Precipitação 1n5qr
Lucas preferiu o embate. Mesmo diante da possibilidade de avançar em qualquer negociação, mesmo que fosse para endurecer e manter os 2%, precipitou-se ao enviar o projeto para a Câmara Municipal e obrigar seus vereadores da base pela aprovação. Não pegou bem nem diante dos servidores e da população. Demonstrou insensibilidade perante a categoria, sobre quem dizia, que merecia ser valorizada. Declarou na campanha eleitoral, mais ou menos há seis meses, que um servidor desvalorizado acaba não realizando um bom serviço para a população.
Quem mais vai perder 6t376b
Caso nada avance e o reajuste fique nos 2%, perdem todos. Os servidores que veem seu poder de compra cair muito. O Stap que, mais uma vez, demonstra que não teve força alguma em suas jogadas de negociação. E, principalmente, Lucas Sanches que ficará marcado por propor um aumento pífio, muito abaixo da inflação, que não garantiu recomposição nem nos benefícios sociais.
A diferença 4i7219
Sem a necessária habilidade política, Lucas Sanches perdeu a oportunidade de propor aumentos expressivos, como fez a gestão do ex-prefeito Guti, nos valores de Vale-Alimentação/Refeição (VA/VR), nas cestas básicas ou nas ajudas de custo. Nunca é demais lembrar que os trabalhadores que ganhavam menos (cerca de 70% da categoria) chegaram a ter 20% ou mais de aumento nos dois últimos anos do governo anterior, justamente por receberem, por exemplo, R$ 1.160,00 por mês somente nos cartões de alimentação. Este valor aumentou mais de 100% em dois anos. Fora as outras ajudas incluídas que acabaram bem recebidas e evitaram mobilizações como as de agora, além, é claro, de valorizar os trabalhadores.
Vai sextar 374228
Apesar do aparente sucesso do movimento grevista, que levou para a rua um número bastante grande de servidores, a paralisação já teria dia e hora para acabar, segundo fontes muito próximas do Governo. Um acordo selado com líderes sindicalistas deverá indicar a volta dos trabalhos a partir de segunda-feira que vem. A decisão estaria marcada para ocorrer na próxima sexta-feira e o motivo seria a falta de fôlego da categoria para seguir com as paralisações. Afinal, manter uma greve por mais tempo dá muito trabalho.